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Review | Far Cry 6: História e personagens tão reais, de um período que tentam apagar

Far Cry 6 é um jogo mais do que empolgante, onde seus personagens são tão cativantes, que acreditamos que eles existam e que fazemos parte desta revolução.
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Far Cry 6
(Imagem: Ubisoft)
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Far Cry 6 é um jogo de tiro em primeira pessoa desenvolvido pela Ubisoft Toronto e publicado pela Ubisoft. É o sexto título principal da série Far Cry e foi lançado em 7 de outubro de 2021 para Amazon Luna, Google Stadia, Microsoft Windows, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S. Apresentações, feitas, vamos a review!

Enredo

Como sempre acontece na franquia Far Cry, o enredo é a principal parte do jogo. Ele não serve apenas como mais uma história a ser contada que é esquecida pelos jogadores enquanto se aventuram atirando e tentando sobreviver. A história é parte integrante do jogo e se você não prestar atenção, irá ficar perdido com o que está acontecendo.

O jogo se passa em uma ilha fictícia do Caribe chamada “Yara”, inspirada em Cuba, governada por uma ditadura do “El Presidente” Anton Castillo (dublado e interpretado por Giancarlo Esposito), que está criando seu filho Diego (dublado por Anthony Gonzalez), para seguir seu governo. O jogador assume o papel de um guerrilheiro tentando recuperar a ilha para seu povo. É como assistir a um filme e prestar atenção apenas nas cenas de aventura e perder as conversas que levam até o final. Além disso, Far Cry 6 faz parte da história até que recente que formou nosso mundo político atual.

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Abordagem política e social

Estamos no século XXI, mesmo que algumas pessoas ainda achem que vivem em uma sociedade do século XV. Discutir o gênero, machismo, liberdade de expressão e política, são assuntos mais do que obrigatórios no meio de entretenimento e principalmente nos jogos.

Hoje ter personagens apenas masculinos nos jogos, não faz mais sentido. Durante décadas as mulheres sempre jogaram, mas jamais tiveram uma representatividade verdadeiro em um título. Alguns podem até dizer que existiam personagens femininas, mas convenhamos, um guerreiro cheio de armadura vestido dos pés a cabeça, enquanto a guerreira anda com uma armadura fio dental, não é algo que elas gostem.

Você andaria assim? Além disso falar sobre os problemas sociais existentes em nossas nações é de suma importância, principalmente para que as pessoas parem de terceirizar seus problemas. A culpa do problema econômico de um país não é por causa de uma doença. Ela existe e sempre existiu. É só voltar aos noticiários de dois a três anos atrás e verá.

E se retornar décadas novamente esses problemas estarão ali. E se voltar bem mais, como 100 anos? Também. O mais interessante e curioso, é que a humanidade sempre terceirizou os problemas para outros: judeus, negros, protestantes, imigrantes, gripe espanhola, COVID…

Portanto, Far Cry 6 faz o seu trabalho e muito bem ao trazer para o centro do palco essas questões através da brilhante e sempre presença marcante de Giancarlo Esposito. E para dar mais pano para estas – que não deveriam ser polêmicas – o direito ao voto e aos direitos LGBTQ+.

Personagens

Giancarlo Esposito mostra todo o seu talento como Anton Castillo. Sua dublagem e interpretação para o jogo são sem dúvida alguma marcantes. O ator é mais conhecido pelo seu personagem Gustavo “Gus” Fring nas séries Breaking Bad e Better Call Saul, papel que lhe rendeu uma indicação ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante em um Série de Drama (2012) ao Emmy Awards.

Ele também é conhecido por seus papéis em filmes como Do the Right Thing, The Usual Suspects e King of New York. Interpreta também Sidney Glass (Espelho Mágico) em Once Upon a Time, série da ABC. Ainda na TV foi o Major Tom Neville na série Revolution no canal NBC e recentemente pode ser visto na série The Mandalorian da Disney. Em 2014 ganhou uma estrela na Calçada da Fama.

Com todo esse currículo e talento, Esposito pode aparecer apenas em cenas de diálogo, mas sua presença é tão forte, que parece que ele estará escondido atrás de qualquer muro ou sala. Além disso, ele não é mais um vilão como os outros que estiveram em Far Cry. Aqui ele representa um perído da história que parece que muitos esqueceram ou preferem dizer que eram bons e ele está ali para te lembrar que liberdade não é apenas uma palavra.

Os outros personagens também são muitos bons, assim como o/a Dani Rojas, protagonista de Far Cry 6. Dani pode ser tanto masculino ou feminino dependendo da escolha do jogador, mas não podem ser personalizados nem renomeados.

Assim como aconteceu em Assassin´s Creed Valhalla, quando os jogadores podiam escolher se Eivor seria masculino ou feminino. E caso não tenha percebido, os dois são da Ubisoft.

Jogabilidade

Basicamente, Far Cry 6 é o mesmo dos jogos anteriores e não tem como sair disso. Assim como qualquer franquia, a mecânica e o modo de jogo continuam os mesmos. Para se ter algo 100% inovador, só com um título que não seja Far Cry. Portanto, criticar que ele é o mesmo, é apenas reclamar para chamar a atenção. Para se ter um Far Cry que não seja invadir bases, matar pessoas, se esconder, pegar itens, destruir, fugir, encontrar, entre outros, só se a Ubisoft criar um Far Cry Kart.

A jogabilidade continua no mesmo estilo, com algumas correções e principalmente uma melhoria mais do que significativa em seu design. Far Cry 6 é lindo! Não tem outra palavra para se dizer. As texturas, personagens, sombreamento, o brilho, tudo está em perfeita sincronia.

Para os fãs desse estilo de jogo e de Far Cry, continuarão a se sentir em casa, já que o sexto título da franquia traz novas ferramentas com diferentes missões a serem terminadas. Mas, como sempre acontece para jogos como Far Cry, Metal Gear, entre outros do gênero, acaba sendo mais do mesmo.

Vale a pena?

Sim! Mesmo que jamais tenha jogado Far Cry na vida, dá para sentar e aproveitar o máximo da história de Far Cry 6. O jogo é divertido no sentido que irá te entreter com sua história, fazendo com que se sinta parte integrante dessa revolução. Para aqueles que gostam de história e de assuntos relativos a Guerra Fria, é um prato que transborda.

Principalmente por abordar questões que sempre estiveram presentes na sociedade como seus direitos a liberdade de expressão, mas que eram – e ainda são – reprimidas por não fazerem parte do “contexto” e “modo de vida” de seus líderes.

A jogabilidade acaba sendo secundário nesse título, mas ainda é profunda com seus personagens cativantes que queremos a todo custo chegar ao final e conseguir conquistar a liberdade. Este é um título que terminar o jogo é a maneira errada de se dizer, pois Dani Rojas e seus amigos, são tão importantes para nós, que acreditamos fielmente que eles existem e que fazemos parte da revolução.

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