O Rio2C, maior encontro de criatividade da América Latina, que acontece de 26 de abril até 1º de maio na Cidade das Artes, abriu nesta terça-feira a sua terceira edição abordando o mundo dos games e o das marcas em 27 painéis. Sempre conectado com as tendências dos mais variados segmentos desde a sua concepção, a atual edição aposta no slow content eno consumo inteligente como bases temáticas, bem como no encontro presencial, cultivando a sua essência de ser um lugar de troca de experiências e de fomento de ideias in loco. A edição deste ano é apresentada pela Petrobras e tem patrocínio do Banco do Brasil, Ministério do Turismo, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Riotur e Cidade das Artes.
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“Apesar de hoje ser um dia de celebração, não podemos colocar uma lente cor-de-rosa e fingir que nada aconteceu com a indústria criativa e do entretenimento. E o fato de estarmos aqui hoje mostra a resiliência do nosso setor. Faz exatos três anos que estávamos aqui nesse palco encerrando o Rio2C de 2019 e anunciando a data da edição seguinte que acabou não acontecendo. Curiosamente, tivemos três anos para planejar esse evento, mas somente noventa dias para executar. Foi de fato uma experiência hercúlea”, afirmou Rafael Lazarini, CEO e fundador do Rio2C, em seu discurso de abertura no Global Stage, principal palco do evento.
Pela primeira vez o evento dedicou um dia inteiro aos jogos eletrônicos e sua convergência com a competição, música, conteúdo, estilo de vida, NFT, comunidade, diversidade, metaverso, bem como a discussões sobre ascensão social, a próxima geração, protagonismo e o mercado brasileiro.
Um dos setores que mais cresce na indústria criativa mundialmente, o mercado de games movimentou, em 2021, US$2,3 bilhões somente no Brasil, cuja exportação de jogos chegou a US$53 milhões, segundo o relatório Brazil Games, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames).
Pela primeira vez, o Rio2C teve um dia inteiro reservado ao assunto, no Summit Game+, com curadoria do Leandro Valentim, do Player1 Gaming Group, spin-off da unidade de games e eSports da Globo, hoje uma startup independente, investida pela Globo Ventures, braço de investimento do grupo.
Entre os ilustres personagens reunidos no evento, Nobru, Gaules e Playhard, três dos mais bem-sucedidos e renomados nomes da indústria, foram os destaques da grade de programação. Em entrevistas individuais, compartilharam suas trajetórias, desafios, conquistas, marcas de criação de conteúdo, bem com suas visões de negócio.
Bruno Góes, o “Nobru”, aos 21 anos de idade, é um dos fenômenos da internet, com 13 milhões de seguidores no Instagram, 3,6 milhões na Twicth e mais de 13 milhões no YouTube, números que explicam a sua presença na seleta lista “under 30” da Forbes. O paulistano, cujo faturamento somente com seus vídeos no twitch varia entre R$ 1,5 e 2 milhões por mês, falará sobre como um menino criado numa comunidade de baixa renda, que chegou a trabalhar como guardador de carros na infância, se tornou um empresário de sucesso com visão e atuação de 360° na indústria do game em todas as suas frentes – jogador, empreendedor, dono de time e criador de conteúdo. “Acho que precisamos ter um plano A e um plano B na vida. Nem sempre o primeiro dá certo. Graças à minha família, eu sempre tive um pé no chão. Acho que as pessoas não podem desistir dos sonhos, precisam seguir em frente” disse Nobru ao final da palestra.
As mulheres marcaram presença nos painéis “Diversidade a busca por equidade e inclusão de minorias” e “O poder das minas dentro e fora dos jogos” para discutir, entre outros temas, o crescimento da presença feminina no segmento e o desrespeito e preconceito que ainda são uma realidade, especialmente no cenário competitivo dos eSports. Nicolle Merhy, mais conhecida como Cherrygumms é o maior nome feminino no cenário nacional. CEO e sócia de um dos maiores times de jogos eletrônicos do Brasil, coleciona diversos prêmios. No portfólio da empresa, a Black Dragons, estão jogos como Free Fire, FIFA, Counter Strike e Rainbow Six Siege. Cerca de 70% dos players do clube são assalariados e o restante contratados como parceiros. Atualmente participam de mais de 50 competições.
“Quando entrei no cenário de games e esports, tive que enfrentar muitos desafios. Felizmente eu recebi ajuda no início, mas ainda assim existiram situações onde meu profissionalismo era colocado à prova pelo simples fato de ser mulher. Por isso, eu sempre quis criar um espaço mais inclusivo pra nós, e sempre trabalhei muito para que a Black Dragons fosse reconhecida como pioneira nesse sentido. Nossas lines exclusivamente femininas foram criadas em 2019, quando ainda existiam poucas no mercado, e continuo com o objetivo de trazer mais reconhecimento para as mulheres no universo dos games em tudo o que faço, dentro ou fora da Black Dragons, como empreendedora”, analisa Nicolle CherryGumms, ex-jogadora profissional, influenciadora digital, dona e CEO da organização de eSports Black Dragons.
No painel “A função estratégica dos games nos grande festivais e na comunicação digital“, O CEO do Omelete, Pierre Mantovani, a apresentadora de games, Nyvi Estephn, o CEO do Rock in Rio, Luís Justo, e o CEO da Play9, João Pedro Paes Leme, como a indústria dos games se consolidou como plataforma totalizante de diversas atividades e ícone da cultura globalizada, tornando-se indispensável para conexão com a geração Z. Empresários e executivos do entretenimento – de mega festivais e de comunicação digital – falam sobre o papel do game como mainstream e a sua função estratégica para engajamento, online e offline.
SUMMIT M&M
O Rio2C reedita em 2022 a parceria com o jornal Meio & Mensagem, estabelecida desde a edição de 2018 com o objetivo de mapear e impulsionar a criatividade brasileira. O Summit M&M, que reúne CMOs, criativos, designers, influencers, executivos de mídia, jornalistas, agências, produtores, plataformas e empresas de tecnologia, assim como o de games, foi realizado neste primeiro dia. No painel “Na alegria e no cancelamento: a dinâmica ética no relacionamento entre marcas e influencers“, o CEO da Black Influence, Ricardo Silvestre, e o gerente sênior de Rede Sociais da Magalu, Pedro Octavio Alvim, conversaram sobre como os influenciadores deixaram de ser uma iniciativa de nicho para serem incorporados às estratégias macro de marketing e comunicação das grandes marcas.
O painel “Um olho na notícia e os dois nos dados: o fim da dicotomia entre o bom jornalismo e audiência” abordou a necessidade dos veículos de imprensa em investirem em inteligência para melhorar o relacionamento e ampliar o conhecimento sobre seus leitores para não alimentar a indústria de fake news. A editora-assitente do Meio e Mensagem, Bárbara Sacchitiello, participou da mesa com o coordenador do Google News Lab, Marco Túlio Pires, o Head de Produto da Vibra, Allen Chahad, e a editora de Digital e Audiência da Folha de São Paulo, Camila Marques.
No painel “Criatividade & Conteúdo: Novos Formatos para uma Audiência Always On – uma Conversa entre Boninho e Sergio Gordilho”, o executivo da TV Globo conversa com o copresidente da agência África, no ano em que o BBB completou 22 edições, sobre como reinventar um formato tão conhecido, o desafio desta renovação e o papel do conteúdo e da criatividade em tempos de streaming.
Veja a programação completa: https://www.rio2c.com/programacao/