A nação insular de Tuvalu, no Pacífico Sul, está planejando recriar-se digitalmente no metaverso. A medida invulgar, que foi divulgada em dezembro de 2022, ocorre num momento em que a subida do nível do mar ameaça submergir totalmente o microestado, com algumas previsões sugerindo que poderá acontecer antes do final do século.
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Simon Kofe, ministro dos Negócios Estrangeiros de Tuvalu, fez o anúncio aos líderes mundiais e representantes diplomáticos na cúpula climática COP27. Conforme relatado na época pelo The Guardian, durante um discurso digital, Kofe disse: “À medida que a nossa terra desaparece, não temos escolha senão tornarmo-nos a primeira nação digital do mundo. A nossa terra, o nosso oceano, a nossa cultura são os bens mais preciosos do nosso povo e para mantê-los protegidos de perigos, não importa o que aconteça no mundo físico, iremos movê-los para a nuvem.”
Tuvalu contratou a agência Monkeys and Collider, de propriedade da Accenture Song, para co-criar sua presença no metaverso, começando com sua menor ilha, a Ilhota Teafualiku. Esta não é a primeira vez que os políticos de Tuvalu usam táticas de choque como um apelo desesperado para realçar os efeitos das alterações climáticas no seu país – na cúpula de 2021, Kofe fez um discurso criticando a resposta internacional às alterações climáticas enquanto se mantinha até aos joelhos no Oceano.
Kofe disse que transformar Tuvalu numa realidade virtual permitiria que continuasse a funcionar como um estado, mesmo que ficasse completamente submerso pelo mar. A replicação de Tuvalu no metaverso tornaria o país a primeira nação digital do mundo – mas abrir novos caminhos coloca algumas questões difíceis em relação ao direito internacional e à cidadania.
Seve Paeniu, ministro das finanças de Tuvalu, falou sobre as questões jurídicas. “Não existe nenhum acordo internacional em que possamos confiar que possa reconhecer o novo estatuto proposto para Tuvalu”, disse ele. “Esse é um desafio que temos diante de nós e agora estamos aumentando a conscientização e a defesa.”
De acordo com o The Guardian, duas das nove ilhas de Tuvalu estão à beira de afundar, engolidas pela subida do nível do mar e pela erosão costeira. A maioria das ilhas fica a apenas três metros acima do nível do mar e, no seu ponto mais estreito, Fongafale estende-se por apenas 20 metros de diâmetro.
Na maré alta, até 40 por cento do distrito capital da cidade de Funafuti fica submerso, disse a Reuters, e a subida das águas também ameaça o acesso do país ao sustento.
O que mais sabemos sobre Tuvalu?
Tubalu é a quarta menor nação do mundo, e fica na Oceania Polinésia, a meio caminho entre o Havaí e a Austrália. O arquipélago consiste em três ilhas de recife e seis atóis, e abriga apenas 11 mil pessoas – a maioria das quais vive na maior ilha, Fongfale.