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Jogos de videogame: Potencializando a neuroplasticidade e o desenvolvimento cognitivo

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Firefly jovem jogando videogame e sua mente expandindo com figuras de jogos e um grande cérebro ao f (1)
(Imagem: Gerada por Abode Fire Fly)
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A relação entre jogos de videogame e o desenvolvimento cognitivo tem sido objeto de um crescente corpo de pesquisas neurocientíficas. Evidências empíricas indicam que determinados tipos de jogos podem promover a neuroplasticidade e contribuir para o aumento da inteligência. Este texto explora as bases neurocientíficas desse fenômeno, destacando os mecanismos pelos quais os jogos influenciam a estrutura e a função cerebral.

Neuroplasticidade e Estimulação Cognitiva

A neuroplasticidade, definida como a capacidade do cérebro de se reorganizar estruturalmente e funcionalmente em resposta a experiências, é um fenômeno central no desenvolvimento cognitivo. Jogos de vídeo game, especialmente aqueles que envolvem desafios complexos e ambientes dinâmicos, têm o potencial de estimular significativamente a neuroplasticidade. Por exemplo, jogos de estratégia em tempo real, como “Starcraft”, requerem a integração de informações diversas, tomada de decisões rápidas e adaptação constante, processos que promovem a plasticidade sináptica e a formação de novas conexões neurais.

Estudos de neuroimagem funcional, como ressonância magnética funcional (fMRI), têm mostrado que jogadores frequentes exibem maior conectividade funcional em regiões cerebrais associadas à atenção, memória de trabalho e controle executivo. Estes achados sugerem que a prática regular de jogos pode induzir mudanças neuroplásticas que melhoram a eficiência das redes neurais subjacentes a essas funções cognitivas.

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Desenvolvimento da Inteligência e Capacidades Cognitivas

Além de promover a neuroplasticidade, jogos de vídeo game podem contribuir para o aumento da inteligência, especialmente em termos de habilidades cognitivas específicas. Jogos que envolvem resolução de problemas e pensamento crítico, como puzzles e aventuras, estimulam processos cognitivos complexos. A literatura científica, incluindo estudos conduzidos por instituições como a Universidade de Rochester, demonstram que jogadores de jogos de ação apresentam melhorias na percepção visual, atenção seletiva e capacidade de resolução de problemas.

Por exemplo, o jogo “Portal”, que exige a resolução de puzzles utilizando física e lógica espacial, desafia os jogadores a pensar de forma não-linear e criativa. Este tipo de estímulo cognitivo pode facilitar a transferência de habilidades para contextos reais, promovendo o desenvolvimento intelectual.

Cena do jogo Portal. (Imagem: Reprodução)

Jogos de Treinamento Cognitivo

Jogos projetados especificamente para o treinamento cognitivo, como “Lumosity” e “Brain Age”, baseiam-se em princípios neurocientíficos para melhorar funções cognitivas através de exercícios mentais direcionados.

Embora a eficácia de alguns desses jogos ainda seja debatida, há evidências de que eles podem beneficiar a memória de trabalho, a velocidade de processamento e a função executiva. Estudos randomizados controlados têm mostrado que sessões regulares de jogos de treinamento cognitivo podem induzir melhorias significativas em tarefas não treinadas, indicando um efeito de transferência positiva.

Cenas do game “Lumosity”. (Imagem: Reprodução Internet)

Mecanismos Neurobiológicos

Os mecanismos neurobiológicos subjacentes aos efeitos dos jogos de vídeo game na cognição envolvem a modulação de neurotransmissores e a ativação de circuitos neurais específicos. A dopamina, um neurotransmissor crucial no sistema de recompensa do cérebro, é frequentemente liberada em resposta a desafios e recompensas dentro dos jogos, promovendo a motivação e a aprendizagem.

Além disso, a prática repetitiva de tarefas dentro dos jogos pode fortalecer sinapses e aumentar a densidade de receptores em regiões cerebrais críticas para a memória e a aprendizagem, como o hipocampo e o córtex pré-frontal.

Os jogos de vídeo game representam uma ferramenta poderosa para a estimulação cognitiva e o desenvolvimento neuroplástico. No entanto, é fundamental utilizar esses jogos de maneira equilibrada e integrada a outras formas de aprendizagem e interação social. A moderação e a escolha criteriosa dos tipos de jogos são essenciais para maximizar os benefícios cognitivos e minimizar possíveis efeitos adversos.

A neurociência está apenas começando a desvendar o potencial completo dos jogos de vídeo game para o desenvolvimento cognitivo. À medida que continuamos a explorar essa fronteira, é provável que descubramos novas maneiras de utilizar os jogos como ferramentas educativas e terapêuticas, promovendo cérebros mais adaptáveis, criativos e resilientes.

Sobre o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA – American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia.

Fabiano de Abreu diante de parede com alguns de seus diplomas que ajudam a atestar seu QI de 188. Já foram mais de 55 formações até o momento. (Imagem: Acervo pessoal).

Pesquisador e especialista em Nutrigenética e Genômica. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society e Triple Nine Society. Autor de mais de 200 artigos científicos e 15 livros.

Dentro do Observatório de Games, o Dr. Fabiano é o responsável pela coluna ‘Assunto Nerd’, onde aborda do ponto de vista científico assuntos de games, ciência e tecnologi

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