Eu quase comprei o Cyberpunk 2077… O jogo já estava no meu carrinho de compras do GOG na época de pré-venda, mas algo me fez voltar atrás. Desisti, apesar de ter em alto conceito a CD Projekt, e deixei passar a pré-venda.
Não me arrependi nem um pouco.
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Apesar de todo o hype do jogo, as imagens, os gameplays, os memes, e toda uma série de reportagens em sites especializados de jogos, os constantes adiamentos do lançamento me fizeram ficar desconfiado. Eu talvez tenha ficado já meio que “gato escaldado” com o “No Man´s Sky“, que foi um mega flop na época do lançamento. Decidi esperar para ver o que acontecia, não errei, o Cyberpunk 2077 virou o Cyberbug 2077.
Recentemente outro jogo do qual sou fã, Elite Dangerous (comprei no lançamento em 2014), lançou sua expansão Odyssey e novamente problemas diversos de performance, bugs, etc aconteceram. Outro flop. (Acho melhor nem falar do Fallout 76, para eu não perder a linha sou fanboy da série Fallout, mas o 76… O que é aquilo!!!?)
Vou neste artigo dar meus dois centavos sobre o que eu vejo nos jogos AAA e que eu ando vendo como alternativa para minhas horas de divertimento.
A Maldição do Gráfico Ultra Realista x Jogabilidade Pífia
Nunca tivemos tanta capacidade de processamento matemático como atualmente nas placas de vídeo (os mineradores de criptomoedas que o digam).
Isso se refletiu nos jogos com gráficos sensacionais, texturas iguais as reais, dando uma sensação nos jogos AAA de uma realidade estonteante, a 60 FPS e 4K de resolução. Confesso que os jogos estão lindos.
Mas a jogabilidade me soou pífia.
Os jogos utilizam recursos de jogabilidade muito simplórios para resolver certas situações (pressione A ou X agora, para realizar a ação… NÃO!), ou nos enchem de diálogos para “aumentar” a duração de um jogo, do qual é muitas vezes repetitivo e que faz o mais do mesmo de seus antecessores.
Aliás este é outro ponto terrível: as malditas franquias. A Versão I, II,III, XX do mesmo jogo já cansou. Você faz as mesmas coisas, usas as mesmas táticas em cenários diferentes, mas no fundo com a mesma premissa. Isso já encheu a paciência. Poucos jogos de franquia inovaram com suas continuações, um bom exemplo foi o Assasssins Creed IV, Black Flag e introduziu inovações como o Jackdawn (o navio). Caso raro.
Outro defeito é a falta de mundo aberto em muitos jogos, que na sua maioria eram (e ainda são) baseados em um “script” do qual você não podia fugir. Isso é muito frustrante e chato, (começaram a mudar isso, bons exemplos foram o nosso querido GTA e também fantástico Witcher 3).
A série Battlefield e Call of Duty eram mestras em usar este recurso. Tinham sequências cinematográficas, fazendo inveja a qualquer filme do Tom Clancy, mas o jogo era um roteiro de mão única e repetitivo. Chato.
O jogo está pronto?
As publishers investem milhões em marketing e desenvolvimento, para entregar um produto altamente “hypado”, mas com bugs enormes, performance horrorosa e toda uma série de problemas que parecem que você está comprando um beta e não um jogo pronto. Como falei no início do artigo, o Cyberpunk 2077, O Elite Dangerous Odyssey, o Fallout 76, são exemplos.
Os jogos citados acima, foram (e ainda são) alvo de promessas de conserto das publicadoras, depois de seu lançamento desastroso. O que ocorre são avalanche de “patches”, “fixes”, por parte das empresas, regadas por pedidos de desculpas dos CEOs e produtores.
Você paga de US$50,00 a US$60,00 em um jogo teoricamente pronto e enfrenta toda uma infinidade de bugs, glitches, performance lenta, etc. Lição que aprendi: jogo AAA em pré-lançamento, ou early-access… eu tô “foraço”.
Microtransações
A maldição dos jogos modernos AAA! Compre o DLC, skin, item, etc para melhorar o seu jogo. Antigamente, você comprava um jogo e “vinha tudo”, hoje parece que você está comprando um pedaço para daqui a pouco comprar mais um, e assim sucessivamente.
Um argumento destes publishers é que eles precisam de verba constante para manter seus estúdios funcionando para proporcionar um continuo desenvolvimento de novos títulos. Uma conversa para boi dormir, já que o faturamento de muitos jogos superam os gastos investidos (fora toda uma linha de marketing como: actions figures, filmes, desenhos, romances, camisas, etc).
Eu passo longe principalmente de jogos AAA fremium. Nossa! Nem quero falar disso. Tem jogos freemium que são verdadeiros pay-to-win/pay-to-play, esses para mim não existem. Esta tendência em comprar “o skin do alienígena que carrega a marreta” para ser diferente dos demais jogadores, é uma das maiores enganações que esta indústria de mircotransações criou. Enfim, uma praga destes jogos no geral.
Qual é a sua alternativa para estes jogos AAA?
Jogos “Indie”
Mas jogos “Indies” não são aqueles jogos sem graça e simples que geralmente são rápidos e curtos. Se você ainda está com este pensamento ridículo acho bom você rever muito os seus conceitos.
Jogos como Legends of Keepers, Backbone, The Ascent, Everspace 2, Power to People, entre outros, são de qualidade surpreendente, jogabilidade excelente e você não entra no risco de cair nas armadilhas acima.
De uns 4 anos para cá tenho mergulhado no universo dos jogos Indie (Atualmente estou viciado no Into The Breach) e só tenho tido surpresas maravilhosas.
Uma outra coisa é que tenho jogado muitos títulos retrô-style como por exemplo Dead Cells (um “metroidivania” sensacional), Xenonauts, Xeno Crisis e outras coisas que eu fico garimpando na net em busca de exemplos de coisas legais, com preços competitivos (isso vale para consoles também, já que muitos destes títulos Indie tem saído para XBOX e PS4).
Também tenho revisitado clássicos como o Flatout, Left for Dead e tantos outros jogos que tem uma jogabilidade fantástica e um custo benefício excelente . Nesse caso você compra sem ser surpreendido por “pegadinhas” de grandes estúdios e terá muitas horas de divertimento.
Recado final…
Você jogador que está só focando os jogos AAA, deve começar a olhar fora deste universo, pois tem muita coisa boa saindo e que com certeza vai te trazer muitas horas de diversão. Além disso para o aspirante de Game Design, os jogos Indie tem muito que nos ensinar e mostrar como podemos fazer algo de qualidade, sem os orçamentos milionários das verdadeiras “bombas” que chegam as nossas mãos.
Podemos falar que a culpa do que muito acontece com os jogos AAA pode ser uma mistura de um hype excessivo, sustentado por verbas milionárias de marketing, recheado de imagens belas, teasers cinematográficos, mas que se revelam depois em muitos casos, enganadores e geradores de muita frustração.
Fica a dica: Dê uma força para os Indies e tenha belas surpresas!
Designer de um jogo só? Fica aqui a questão para este debate.
Tony Garcia é Game Designer, Educador, Gamification Designer, Especialista em Manufatura Aditiva e em Tecnologias Educacionais.
Tem mais de 80 jogos desenvolvidos e trabalhou com mentoria em mais de 30 startups de jogos. Atuou em projetos de jogos educacionais e gamificação.