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Ex-FBI diz que tese de Trump sobre videogames e tiroteios em massa está “completamente incorreta”

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TRUMP FBI Games
Quem sabe mais, um especialista em segurança ou o presidente?Imagem: Unsplash.com
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Depois de dois massacres consecutivos em El Paso, Texas, e Dayton, em Ohio, que mataram pelo menos 31 pessoas, o presidente americano Donald Trump culpou os videogames e a doenças mentais pelas tragédias. Uma ex-especialista do FBI disse que a avaliação do presidente é bastante imprecisa.

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    Mary Ellen O’Toole, Diretora de Programas do Departamento de Ciência Forense da Universidade George Mason e ex-especialista do FBI, refutou algumas das declarações de Trump sobre o massacre em uma entrevista à rede americana CBS News.

    Em seu primeiro pronunciamento público sobre os disparos em massa, Trump disse que “devemos parar a glorificação da violência em nossa sociedade. Isso inclui os horríveis videogames que agora são comuns”.

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    As declarações do presidente vieram depois que se descobriu que o autor do tiroteio de El Paso mencionou brevemente o jogo “Call of Duty” em um manifesto anti-imigração carregado de ódio publicado on-line pouco antes do ataque.

    Legisladores republicanos também foram rápidos em apontar os videogames e a internet como uma das principais causas da violência armada. O vice-governador do Texas, Dan Patrick, implorou aos legisladores que fizessem algo sobre a indústria dos jogos e o líder da minoria da Câmara, Kevin McCarthy, disse à rede americana Fox que os videogames “desumanizam os indivíduos” e que representam “um problema para as futuras gerações”.

    Mas O’Toole disse à CBS que a sugestão de Trump de que a violência em videogames desempenha um papel importante na violência armada na vida real é “completamente incorreta”.

    “O presidente não tem absolutamente nenhum conhecimento e experiência para entender como esse tipo de violência começa e como ela evolui”, acrescentou.

    O que dizem os estudos feitos

    Estudos científicos também não encontraram conexão entre videogames e violência armada. Um especialista em mídia disse à Associated Press que “não há estudos longitudinais que mostrem uma ligação entre a violência e os videogames” e nenhum estudo que prove a ligação entre os jogos e a violência armada. As maioria dos especialistas é uníssona em afirmar que ter um notebook gamer em casa não cria atiradores em massa.

    Trump também afirmou que “quem puxa o gatilho é a doença mental e o ódio, não a arma”. A observação tem sido amplamente criticada por legisladores, defensores do controle de armas e defensores da saúde mental.

    O’Toole esclareceu à CBS que a maioria das pessoas que sofrem de problemas de saúde mental não é violenta. Ela também apontou que menos de 25% dos atiradores envolvidos nesses incidentes foram diagnosticados clinicamente com problemas de saúde mental.

    “Minha experiência diz que estes são indivíduos que, caso tenham um problema de saúde mental, ainda são capazes de funcionar de forma muito estratégica, e de uma maneira muito fria e cruel. Então, a saúde mental não é a questão”, disse a especialista.

    Ela acrescentou ainda que as pessoas têm de ser capazes de separar “saúde mental” dos tiroteios em massa, porque as pessoas que “realmente sofrem de problemas de saúde mental não são responsáveis ​​por esses tiroteios”.

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