Falar dos perigos dos jogos online quando o assunto é toxidade já não é mais novidade. Contudo, o que tem se observado durante os últimos tempos avança para campos tão preocupantes quanto este. Isto porque estudos apontam que grupos de extrema direita estão se articulando expor suas ideologias racistas através de canais por onde o universo gamer tramita.
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Jogos com o estilo denominado ‘mundo aberto’ possuem uma vasta gama de possibilidades de ações, e conforme os elementos disponíveis na tela, é possível promover um ato racista, xenofóbico, além de outras atitudes de ordem criminosa. E é com ares de ‘graça’ e outras estratégias que estes grupos vão plantando seus ideais.
O estudo, que faz parte da série Gaming and Extremism, foi realizado por pesquisadores do ISD (Institute for Strategic Dialogue), que mapearam o uso no Reino Unido pela extrema-direita de quatro das plataformas mais populares relacionadas a jogos: Steam, Discord, DLive e Twitch. No total, foram analisados quase 300 comunidades e canais ligados a radicais.
Criando grupos criminosos
Praticamente todas as plataformas pelas quais os gamers circula, permitem a criação de grupos onde este público pode se relacionar para falar de qualquer coisa, e é na hora de fiscalizar isso que está o problema. Diante de uma comunidade que já soma quase 3 bilhões de jogadores, a maioria jovens, tem-se aí um prato cheio para explorar mentes que ainda não formaram opinião sobre muita coisa.
Das quatro plataformas estudadas, o Discord era a única que permitia a identificação dos dados demográficos dos usuários. E dos 62 casos em que os usuários informaram sua idade, 45 deles disseram ter entre 13 e 17 anos, o que dá uma média de apenas 15 anos.
Quem são os grupos extremistas por lá?
Uma das comunidades na Steam se diz afiliada ao Movimento de Resistência Nórdica (NRM), que esteve ligado a uma série de atentados a bomba em Gotemburgo em 2016 e 2017. O grupo identificado disponibiliza links para o site oficial do NRM.
A outra comunidade, com 487 membros, é ligada ao Misanthropic Division (MD), um grupo russo ativo em vários países, incluindo Ucrânia, Alemanha e Reino Unido.
Articulados, os integrantes cabeças desses grupos criam e ressaltam oportunidades para promover sua causa e atacar as minorias encontradas nestas plataformas. O grupo extremista britânico reconheceu aos autores do estudo que as transmissões são uma estratégia para fomentar um senso de comunidade entre seus seguidores.
Nazistas na Steam
Na Steam, conteúdo de caráter neonazista também pode ser visto com alguma facilidade dependendo do trânsito do internauta por ali. As comunidades analisadas parecem ter ciclos de vida relativamente curtos, com a maioria das analisadas tendo menos de um ano e menos de 100 participantes. Segundo o estudo, isso é potencialmente um reflexo dos esforços de moderação realizados pela plataforma, que tem tomado medidas nos últimos anos para encerrar canais extremistas.
O site media Media Talks falou de maneira mais profunda sobre como o assunto está necessitando de uma visão global sobre a situação. Confira aqui.