Publicidade
Internacional

No Afeganistão, ex-base militar do exército americano abriga um tesouro pokémon

A situação é triste de todos os lados, inclusive no gamer
Gostou? Compartilhe!
pikachu-pokemon
(Imagem: Reprodução)
Publicidade

Nesta semana, o Afeganistão registrou imagens que encheram a comunidade internacional de preocupação: a retomada do Taleban ao poder em praticamente todo o país, após quase 20 anos de intervenção americana na região. E numa esfera infinitamente menor de problemas, está um pequeno tesouro pokémon que ficou para trás.

Durante os últimos cinco anos, enquanto a situação estava sob controle e o grupo islâmico sem força no país, soldados americanos encontraram tempo para jogar Pokémon Go.

E depois de todo esse tempo, o rastro dessa jogatina está nítido, e há uma história para contar em Bagram, uma zona de guerra localizada perto de Cabul. E ela foi contada, inclusive por um órgão ligado ao exército, o jornal americano Stars and Stripes, que conferiu como o jogo impactou a experiência dos soldados ali.

Continua depois da Publicidade

Desde 2005, o local estava ocupado por tropas norte-americanas, estrategicamente posicionadas ali para conter o avanço do terrorismo promovido por Osama Bin Laden, responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001, e morto 10 anos depois.

Um aviador do 774th Expeditionary Airlift Squadron, embarca em um C-130H Hercules depois de completar as verificações pré-voo no Campo Aéreo de Bagram, Afeganistão, 4 de janeiro de 2011.
Um aviador do 774th Expeditionary Airlift Squadron, embarca em um C-130H Hercules após completar as verificações pré-voo no Campo Aéreo de Bagram, Afeganistão, 4 de janeiro de 2011. (Eric Harris / Força Aérea dos EUA)

De acordo com o artigo, a base formou uma comunidade “próspera” de Pokémon Go composta por soldados, contratados e civis visitantes “que jogavam durante o exercício e depois do trabalho”. “Não esperávamos que Pokémon Go prosperasse em Bagram, e ainda assim aconteceu”, disse Corey Olsen, mecânico elétrico dos helicópteros de ataque do exército dos EUA.

O jogo Pokémon Go usa pontos de referência do mundo real como locais para os jogadores, como um ginásio da Força Aérea no campo de aviação de Bagram, no Afeganistão, que os usuários disseram ter sido atingido por morteiros.
Ginásio pokémon localizado na base aérea de Bagram, no Afeganistão; (Imagem: stripes.com/)

“Poder iniciar uma conversa com um completo estranho no meio de uma zona de guerra sobre algo como Pokémon foi uma ótima maneira de permanecer social”, acrescentou um empreiteiro chamado Wilbur Landaverde.

John Sutter, capitão da Guarda Nacional do Alasca, lembrou-se especificamente de fazer uma academia com um Voltorb, uma criatura elétrica explosiva que pode se autodestruir. “Eu pensei ‘Nós não podemos ter nenhum Pokémon IED no FOB’.” disse. As academias na base incluem uma no prédio da Capela do Guerreiro e outra em um memorial a um soldado morto.

Game over

A base foi oficialmente devolvida ao governo afegão no dia 1º de julho deste ano, e até a data simbólica de 11 de setembro, todos os soldados devem retornar para suas casas. E com fim da brincadeira por parte dos soldados, John Sutter lembrou de algo: tudo que foi construído no game vai ficar ali.

“Tenho certeza de que em algum lugar do Afeganistão algum garoto está se gabando de como assumiu o controle de uma academia Pokémon americana”, brincou o capitão, ao lamentar sobre as criaturas que teve de deixar para trás. “Talvez em 20 anos eu possa andar de moto para o sul e recuperar aquele ginásio Pokémon novamente.” disse Sutter, pensando longe.

Não é a primeira brincadeira de soldados por lá

Embora muitos possam entender a distração como algo descabido para a função em questão, vale lembrar que o joguinho está longe de ser o primeiro episódio de diversão que viralizou do Afeganistão. Em 2012, no auge da música ‘Call me maybe’, da cantora canadense Carly Rae Jepsen, uma das tropas mandou uma performance inusitada da canção. Confira abaixo;

Fora de brincadeira

Voltando a base Bagram, vale lembrar que nem tudo é assunto leve por lá. Desde 2005, cerca de 40 pessoas morreram em atentados suicidas na região. Outra notícia que repercutiram muito da base foram as denúncias feitas pelo neu Yor Times, que relatou graves abusos contra prisioneiros de guerra.

O que acontece com Pokémon Go por lá agora?

Ainda é cedo para se dizer com certeza o que acontecerá com o país, já que o Taleban possui uma ideologia que vai contra uma série de comportamentos populares no ocidente, e videogame e internet certamente são campos que devem sofrer com isto. Logo, Pokémon Go, um game exclusivo para celulares e que se joga conectado à internet, pode estar com os dias contados.

Na época em que o Taleban dominava o país, mulheres não poderiam votar, estudar, sair desacompanhadas de um homem e ainda obrigadas a usar burca, vestimenta que deixa somente os olhos de fora.

Num primeiro momento, o mais provável é que os treinadores locais assumam o controle das bases pokémons cravadas ali. Outra hipótese bem provável é que a história atraia hackers especializados em burlar o posicionamento de seus telefones, que passarão a atacar o local para dominá-lo.

Oficialmente, o Pokémon Go tem regras estritas contra a criação de locais no jogo em instalações militares – embora a adição desses locais ao jogo seja deixada para a comunidade e para a polícia. Pokémon Go é exclusivo para celulares.

CONTEÚDO RELACIONADO