O seriado Black Mirror chegou a sua quinta temporada em 2019 flertando mais uma vez com o universo dos games. Dessa vez, a série que explora os desdobramentos bons e ruins da tecnologia realiza um antigo sonho gamer: O de ir parar, literalmente, dentro de um jogo de videogame. Confira trecho do episódio Striking Vipers, onde dois amigos encarnam em seus personagens para lutar (e algo mais):
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Para compor os cenários desse episódio, a Netflix, produtora do seriado, fez uso do Brasil. Tanto para cenários reais (como o templo do vídeo acima, localizado em São Paulo) quanto virtuais. No caso dos efeitos especiais, Daniel Rivers, artista 3D, foi escalado para criar parte da tecnologia vista no resultado final.
O convite
Daniel atribui ao networking conquistado ao longo de sua experiência no mercado como principal fator responsável pela oportunidade: Foi graças a indicação do amigo, Thomas Leme, que o nome do brasileiro chegou até Aline Leonello, responsável pela cenografia do projeto.
Aline entrou assim em contato via telefone com Daniel, que recebeu de maneira “chocante” o convite, mas aceitou prontamente o desafio. A palavra “prontamente” faz jus a expressão, já que o profissional teve que começar a missão no dia seguinte.

Assim, após receber uma explicação sobre o projeto, Daniel foi contratado pela Conspiração Filmes, empresa que atuou em parceria com a Netflix durante os trabalhos no Brasil.
A missão
Daniel ficou a cargo de executar o prop modeling de praticamente todos os objetos tecnológicos do episódio. Comum na área de games, o Prop modeling é uma espécie de rascunho 3D do que virá a ser inserido posteriormente na tela. Confira na galeria abaixo os estudos conceituais feitos e o resultado final.
Prazo
Como todo profissional de design digital que trabalha como freelancer, os prazos são apertados, e com a Netflix, a emoção não foi diferente: com apenas uma semana para entregar os pedidos feitos para o projeto, Rivers teve que “morar” com a produção durante esse tempo, para ir construindo e ajustando o trabalho conforme os resultados iam tomando corpo.
Experiência gamer ajudou na criação
Amante de jogos eletrônicos e ligado nas tendências evolutivas do mercado, Daniel deu sua contribuição para aprimorar o conceito do que seria de fato um console do futuro quanto ao seu formato e demais características.
Anteriormente, havia também a ideia de se ter um console físico para rodar os jogos, mas dado que a tecnologia de processamento em nuvem está avançando cada vez mais nos games, foi do voto de Rivers que essa tendência fosse concretizada em Striking Vipers.
Assim, o videogame do futuro se resume fisicamente a um joystick conectado a uma TV e um dispositivo na têmpora. A interação entre mente e máquinas para se jogar com experiência sensorial completa é a principal ferramenta para desenvolver o drama do episódio.
Jogos de verdade no currículo
Além da colaboração para criar o jogo fictício do episódio, é também de games reais que o brasileiro pode se orgulhar por participar.
Juntamente com os alunos e professores da sua escola, Daniel está desenvolvendo um game de terror para PC, chamado Golem. Confira o trailer:
O projeto reúne alunos de Modelagem de personagens e cenários 3D, Cenário, Animação, Roteiro, além de outros cursos que se pode aprender do lado de cá do espelho preto.
Confira a entrevista completa abaixo:
Netflix e os games
Com Strinkig Vipers, já é o terceiro episódio que a Netflix usa os games como ferramenta para desenvolver suas tramas. Contudo, não é só abordando temática gamer que a gigante do streaming tem estreitado seus laços com a área.
Recentemente, a Netflix esteve presente na E3, mais importante feira de games do mundo, para expor seus planos nesse universo. A prova desse interesse todo pode ser conferida de fato no jogo de Stranger Things, que estreará junto com a terceira temporada.
E tudo indica que tanto Netflix quanto Black Mirror devem continuar experimentando entrelaçamentos, ainda que nas entrelinhas de outros projetos. Recentemente, Charlie Brooker, criador e co-showrunner da franquia, comentou o crossover “subliminar” entre Marvel e DC nesse episódio.
Strinking Vipers já está disponível na Netflix desde o dia 5 de junho, juntamente com outros dois episódios.