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Opinião

Ready or Not | A polêmica de reproduzir a realidade nos jogos

Ready or Not criou uma grande polêmica por uma única cena do jogo. Mas e o restante do título?
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Ready or Not
(Imagem: Divulgação)
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O jogo Ready or Not, que chegou de forma antecipada no Steam no dia 17 de dezembro, tem causado um grande alvoroço nos meios de comunicação. Mais precisamente porque existe uma cena com tiroteios dentro de uma escola. Isso mesmo: dentro de uma escola! Caso você já esteja pronto para destruir o jogo, vamos com calma e analisar toda a situação.

Ready or Not: o risco de reproduzir a realidade nos games - Meio Bit
Cena de ‘Ready or Not’. (Imagem: Reprodução/PC)

Sobre o jogo

Ready or Not é um jogo de tiro em primeira pessoa, intenso, tático e atual. Nele, as unidades policiais da SWAT são chamadas para controlar situações de hostilidade e de confronto. Para criar as regras de combate e o sistema de pontuação realistas e desafiadores do Ready or Not, a VOID Interactive consultou equipes policiais do mundo todo. E, para aumentar ainda mais o realismo, o jogo modela os efeitos da penetração balística, do ricochete, da dinâmica do kevlar e das placas de coletes à prova de bala, além da expansão e da dinâmica de projéteis.

Ready or Not Game - Mac and PC - Parents Guide - Family Video Game Database
Cena de ‘Ready or Not’. (Imagem: Reprodução/PC)

Basicamente, lendo a sinopse do jogo, ele é apenas isso e mais nada. Mas então, por que a polêmica? bom, ela nasceu no Reddit quando uma pessoa perguntou se teria algum cenário em escola e a resposta foi: “pode acreditar que terá”. Daqui em diante já podemos fazer a nossa análise a respeito de um jogo que é polêmico, pois mostra a equipe especial da Polícia dos EUA invadindo uma escola.

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Só polemiza se for na escola?

Pois bem! A polêmica não teria nascido, ou até poderia, se a pessoa da empresa que respondeu (e depois apagou) o questionamento anterior, não tivesse sido tão categórica e “(in)feliz” no que escreveu. “Pode acreditar que terá”, fica com o mesmo sabor de “terá alguma cena com mortes de bebês?”, “Pode acreditar que terá”, e você já imagina quem estava respondendo com aquele sorriso de ‘coringa’ no rosto.

Este é um ponto, a maneira como tudo ficou banalizado nos dias atuais. A questão em si não é a escola, pois se parar para pensar, dar tiro em escola não pode, mas matar geral nas comunidades, nas casas, ruas, carros, aviões, entre outros… pode.

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Isso não é problema e não cria polêmica. Sem problema jogar Fortnite e dar tiro em uma pessoa que ainda está nos ceús sem poder se defender. Não existe polêmica em um campeonato de CoD, Rainbow Six ou outro do estilo em que se premia jogadores que mais matam.

Ter acesso a vários tipos de armas em jogos de tiro, não gera polêmica e também não ensina as pessoas a como criarem seu próprio arsenal. Jogar com um personagem com uma faca que te mostra como a empunhar e onde cravá-la, também não ajudará a quem deseja entrar em um estabelecimento e matar algumas pessoas. Ou até mesmo como fazer bombas caseiras. Lógico que não!

Então, qual é o gatilho?

A grande questão está em uma cena que ocorre em uma escola e que segundo os críticos dará “munição” para quem deseja saber como a polícia trabalha, e com isso, poderá obter dicas valiosas de como evitar os profissionais até que seu objetivo ali seja fatidicamente cumprido.

A preocupação também se baseia nos mais de 140 casos envolvendo arma de fogo que aconteceram nos EUA em 2021. Mas e se esta cena ocorresse em uma escola Árabe, da África ou da América Latina, será que teria a mesma repercussão?

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Mas voltando, todo o restante do jogo que é descrito como realista não existe polêmica, apenas na escola. Este julgamento das pessoas tem se tornado até hipócrita, pois matar em qualquer jogo de tiro, por mais realista que seja, não tem problema algum, mas agora devido aos últimos acontecimentos de mortes em escola, ele teve. Entenda bem, qualquer ato deste estilo, como os que aconteceram em escolas, são totalmente crueis! Sem defesa ao jogo.

Mas a grande questão e pergunta a ser levantada é: por que existem tantos jogos de tiros de forma realista? Onde foram parar os títulos com um enredo, com fundo e personagens com empatia e que mostravam que uma Guerra e até mesmo o trabalho da Polícia – de forma certa ou errada – tem consequências na sociedade?

Ano após ano esses jogos sem conteúdo se tornaram muito populares, ao ponto – novamente -, de existirem torneios internacionais que as pessoas ficam como torcedores de gladiadores olhando um matar o outro. Ok, é apenas ficção e estou indo longe demais, mas o caso de Ready or Not também não é? Esse tiroteio em escola não é apenas ficção? Sim, a descrição diz que se baseia em realidade e novamente: para quê?

Confira o gameplay de Read or Not.

Enquanto se discute uma cena, todo o cenário em volta é deixado de lado. Existe sim uma violência gratuita nos jogos atualmente, mas também temos centenas de títulos que tratam sobre saúde mental, solidão, consequências, toxidade, abuso de poder, etc. É só olhar para títulos como It Takes Two (ganhador do The Game Awards 2021); Metro que mostra as consequências de uma Guerra; Resident Evil onde uma empresa farmacêutica destrói vidas e os governos só pensam em guerra; Far Cry 6, com um ditador e muita política; para citar apenas alguns famosos e não achar que apenas os indies que falam sobre o assunto. Portanto, os jogos não são totalmente os culpados.

De qualquer forma, a cena em uma escola, assim como em um hospital, parquinhos, seja onde for, são mais do que polêmicos, pois a vida humana não deveria ser banalizada ao ponto de se tornar diversão. Nem mesmo usar como desculpa matar aliens ou zumbis porque não são humanos. Da forma como está, com jogos sem conteúdos e com influenciadores que usam e abusam desses títulos apenas para gerar receitas, também não trará melhoria alguma para a indústria de jogos e para a sociedade.

Apenas nos manteremos nas mesmas discussões que trazem números e pronto. Agora deixo a pergunta para que possa pensar: acha que os jogos incitam a violência ou são as pessoas? Deixe abaixo nos comentários!

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