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Opinião

Cuidado com seus esqueletos nos armários virtuais

A coluna ‘Game Designer Sincero’ traz um assunto de alerta máximo
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esqueletos no armário
O que será que você tranquilamente um tempo atrás que vai ser usado contra você?
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Introdução

Se tem uma coisa que você vai aprender, nem que seja na marra, é que a Internet não esquece ninguém, passe o tempo que for. O escândalo recém estourado na Blizzard, que até agora está rendendo e muito (ainda bem), já causou a primeira medida importante, conforme artigo publicado aqui no Observatório pela Karla Sthefany.

Veja também:

    mostrei anteriormente um vídeo do evento Blizzcon de 2010 que está servindo como um importante sinalizador de culpa por parte dos envolvidos. Nesta ocasião, o pessoal da equipe de desenvolvedores do game Wolrd of Wacraft deu uma amostra do seu comportamento ultra tóxico ao responder uma fã do jogo, que questionou o padrão “Vitoria Secret” dos corpos das personagens do game. Confira a resposta dada pelo time abaixo:

    Pois é, esse artigo vai falar um pouco sobre hiperexposição nas redes, código de ética, coisas que vão valer para suas futuras interações e oportunidades profissionais (seja você um profissional de games ou não). Nossa área de jogos é bem conhecida pela sua toxidade e está na hora de virarmos essa página. Parafraseando o Mestre Galileu da Galileia, “vamos cair de cabeça nisso“.

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    O que se faz no clube da luta, fica… não, péra…

    Fight Club Best Scenes - Speech About Modern Life - YouTube
    Cena do clássico “Clube da Luta”, filme de 1999.

    Nos tempos pré-internet, onde não existia uma exposição massiva nas redes sociais, um indivíduo quando cometia algo considerado inapropriado, negativo ou que poderia levar a um constrangimento extremo, ficava restrito a pequenos grupos próximos a esta pessoa.

    No máximo virava um “lenda” do bairro, ou de um grupo social específico. Aquela história “morria” com o passar dos anos ou mesmo quando este indivíduo mudava do local onde originalmente morava. Ou seja, existia um “esquecimento” daquilo e a vida continuava.

    Com a hiperexposição nas redes dos tempos atuais, regulada com a velocidade de um post, qualquer fala, imagem, comentário, uma situação/fato pode viralizar na velocidade da luz. Além disso com o perigo das fake news, as mídias digitais podem ser facilmente distorcidas e contextualizadas de maneira errada.

    Com isso, o direito de esquecimento na Internet começa a se tornar um ponto importante nesses casos. Mas o dano referente a uma distorção gerada por uma fake news pode ser devastador, pois a velocidade da justiça é muito lenta comparada a da grande rede.

    Tirando o fato de uma situação de constrangimento gerada por uma fake news, na maioria das vezes, a hiper exposição ou situações criadas pelas próprias pessoas, podem ser utilizadas para uma avaliação prévia (isso é bem perigoso por sinal) de seu comportamento e sua linha de pensamento.

    Alguns anos atrás, este vídeo de 2012, já tinha gerado um alerta muito importante sobre isso:

    Esqueletos japoneses

    Se você assistiu à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, é bem capaz de que, em algum momento, a trilha tenha feito você se emocionar. Parte do que foi tocado ali foi composto pelo japonês da foto abaixo, Keigo Oyamada, que dentro do aspecto técnico, entregou o que foi pedido.

    Contudo, o que pouca gente sabia é que o fundo “musical” de uma parte da vida deste homem de 52 anos, é composto por crianças chorando. Reportagens resgatadas de 1994 e 1995 trouxeram para o século 21 o que ele fez no século passado quando adolescente, e isto foi tão repugnante e desumano que o músico renunciou ao cargo poucos dias antes da cerimônia em questão começar.

    O músico Keigo Oyamada, mais conhecido como Cornelius, disse que sentia 'profundo pesar' por suas ações anteriores.
    O músico Keigo Oyamada disse que “sente muito”. Foto: Atsushi Tomura.

    Ao final deste artigo, você poderá ver detalhadamente o que ele fez. Vamos em frente.

    A Geração Tik Tok e dos Stories do Instagram

    Com o Tik Tok tivemos um novo fenômeno de exposição por parte das pessoas, através de vídeos curtos com as famosas dancinhas, vídeos de reação, etc. Isto tem gerado problemas sérios com jovens e adolescentes, devido a criação de uma dependência psicológica do aplicativo e a hiperexposição dos mesmos.

    A mesma coisa não fica atrás dos famosos Stories do Instagram, que também prega o mesmo do seu concorrente, criando, assim, através da IA dos algoritmos, um ciclo vicioso em todo este processo. O perigo disso não é só da atualidade, mas nos tempos futuros.

    Este artigo aborda como as pessoas mudam com as redes sociais, mostrando de maneira assustadora certos comportamentos e dos danos gerados por eles. Muita gente tem sofrido desde diversos constrangimentos virtuais, racismo, intolerância e comentários tóxicos vindos destes ambientes virtuais.

    Hoje é norma das empresas fazer uma “devassa” nas redes sociais de profissionais, ainda mais se os mesmos se candidatam a cargos importantes. Estas mesmas empresas observam seus comportamentos: o que falam, o que escrevem, o que compartilham, utilizando como um filtro de seleção prévio.

    Caso recente foi o caso da mulher que perdeu um estágio na NASA por ter xingado um ex-engenheiro no Twitter. Isto causo uma repercussão enorme nesta rede por parte de outros usuários, condenando seu comportamento. Resultado: ela perdeu a vaga.

    Branding em Startups - Qual a visão do mercado sobre os ...
    Vou xingar muito no Twitter… SQN!

    Isto mostra como as redes influenciam e podem acabar com oportunidades profissionais.

    Mas o que isto tem a ver com a minha carreira?

    Vamos imaginar que você esteja se candidatando daqui há alguns anos há um cargo importante em uma empresa, ou um investidor quer colocar uma grana no seu jogo. Se você pensa que sua vida nas redes não vai ser pesquisada, pode ir perdendo esta ilusão.

    Se em algum momento de sua vida, você fez algo (post, vídeo, comentário), que vá contra ao código de ética desta empresa ou deste investidor, dê adeus a esta oportunidade. Nos dias atuais onde as opiniões e os debates estão muito intensos nas redes, tenha certaza que isto vai pesar.

    Ninguém mais está querendo ser associado a práticas extremamente consdenáveis como: racismo, intolerância sexual, intolerância religiosa, posicionamentos políticos de extremos, pois isso “arranha” e “destroi” a imagem das empresas frente ao público.

    Hoje com esta prática de exposição exarcebada nas redes por conta dos jovens, futuramente podem ocorrer “resgates” a vídeos, falas, etc que sejam contrárias a códigos de ética das corporações, eliminado assim oportunidades profissionais.

    O caso do vídeo da Blizzard mostra que isso está sendo utilizado hoje como uma forma de validar o processo e demolir o discurso da Activision de “exagero” por parte dos acusadores. Isto só está colocando mais lenha na fogueira.

    Agora, vamos imaginar que em 2030, quando um jovem de hoje, irá se candidatar a uma oportunidade profissional importante. Imagine novamente que um video do Tik Tok, ou do Youtube do qual ele/ela esteja fazendo uma brincadeira, pode ser algo que vá contra o código de ética da empresa? E aí?

    Pô, Tony, menos… tu tá exagerando…

    Meu caro/minha cara, hoje uma marca com um apreço junto ao seu público consumidor é muito VALIOSA. Uma empresa não quer perder seguidores, influenciadores e toda uma comunidade digital que CONSOME seus produtos, devido a uma fala infeliz de seus colaboradores.

    O mesmo vale para futuros profissionais que querem fazer parte do time desta empresa. Falas que vão contra o código de ética desta corporação, não tem vez. A empresa jamais contrataria alguém que vá contra seus VALORES. Aliás VALOR ÉTICO é um dos maiores bens de uma corporação.

    Construir isso é muito caro e requer tempo junto ao público cada vez mais exigente e antenado com os problemas de nosso mundo.

    Por isso, tome cuidado com o que você fala/expôem nas redes, isso pode representar o sucesso ou uma série de empecilhos profissionais a sua carreira futura. Saber se expor de maneria ética e profissional é uma qualidade que muitas corporações buscam hoje.

    Pense nisso.

    Link para o assunto do músico japonês:
    https://observatoriodegames.uol.com.br/mercado/lady-gaga-akira-mario-e-space-invaders-os-planos-frustrados-para-a-abertura-dos-jogos-olimpicos-de-toquio

    Tony Garcia é Game Designer, Educador, Gamification Designer, Especialista em Manufatura Aditiva e em Tecnologias Educacionais.
    Tem mais de 80 jogos desenvolvidos e trabalhou com mentoria em mais de 30 startups de jogos. Atuou em projetos de jogos educacionais e gamificação
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