Seja você gamer ou não, em algum momento da vida já deve ter ouvido falar de Among Us. O jogo estilo máfia, da Innersloth, cresceu em popularidade no começo da pandemia, mas o que muitos não poderiam suspeitar é que agora o game também é um canal para solteiros e solitários, e um lugar onde jogadores menores de idade estão explorando o sex0 virtual.
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No entanto, esse não é o primeiro do tipo, até porque essa prática virtual existe em jogos multiplayer e salas de bate-papo há décadas. Ela evoluiu de plataformas de mensagens online como AOL e MSN para realidade virtuais como IMVU e SecondLife. Em Among Us, a interpretação sexual é feita nos próprios lobbies, em que o recurso de bate-papo pré-jogo é o canal de comunicação.
Com a falta de filtro e segurança para manter as crianças afastadas, isso levanta preocupações de que o jogo possa se tornar uma arena para jogadores menores de idade experimentarem aliciamento online e assédio sexual. Além disso, sabemos que hoje em dia é mais difícil para os pais controlarem os conteúdos que seus filhos acessam, deixando-os assim bem mais expostos e vulneráveis.
Vale alertar que os casos de pedofilia online quase dobraram em relatórios e denúncias anônimas desde o começo da pandemia, segundo os dados da Observer Research Foundation. É triste e desesperador, mas a frase mais comum proferida como introdução, segundo a redatora da Kotaku que realizou um teste para ver a gravidade da situação, seria: ‘Snapchat?’. Daí cabe aos participantes evoluírem ou não para outra plataforma.
Público-alvo do Among Us
Se você ainda não entendeu toda a gravidade, eu te explico. O público-alvo desse jogo é o principal motivo de tanta preocupação, já que os astronautas de estilo cartoon, os mascotes do jogo, são os preferidos das crianças. Pelúcias, brinquedos, roupas e outros produtos podem ser encontrados em lojas de departamento populares facilmente.
A desenvolvedora Innersloth disse que deseja manter um ambiente de jogo que não seja apenas agradável para todos os públicos, mas também seguro para jogadores infantis. “Um dos recursos que lançamos no início do ano passado foi a implementação de contas filhas e um recurso de bate-papo rápido relacionado”, falou Victoria Chan, diretora da comunidade da Innersloth.
“Fizemos uma parceria com a SuperAwesome para criá-lo e aplicá-lo, uma empresa especializada em serviços seguros de engajamento digital e que é usado por outros jogos. Com isso, trabalhamos muito para garantir que sejamos compatíveis com COPPA e GDPR”, disse ainda.
Conta infantil
Por meio disso, o Among Us implementa um sistema que bloqueia os jogadores em uma conta infantil se eles estiverem abaixo da idade de consentimento digital em seu país, que a COPPA define como 13 anos nos EUA. Sendo assim, esses usuários só podem jogar com outras pessoas que usam o Quick Chat, que tem seleções de frases pré-elaboradas que podem ser usadas para se comunicar no jogo, em vez de digitar, eliminando a possibilidade de exposição e mensagens sexuais e impróprias.
Juntamente com esse recurso, os nomes de usuário neste modo só podem ser selecionados por meio de um gerador aleatório com palavras amigáveis. Além disso, os pais podem acessar e fazer ajustes nas permissões das contas, após verificação aprovada pelo governo.
“Among Us também é construído com salvaguardas. Temos um sistema de denúncia em constante evolução e moderação de censura de bate-papo/palavra que tenta eliminar qualquer linguagem prejudicial ou depreciativa. Os jogadores podem ser denunciados por nomes/chats inapropriados, e estamos abordando proativamente qualquer coisa que as pessoas façam para tentar contornar os filtros”, disse Chan.
O sistema é bom, mas não é suficiente, porque deixa a responsabilidade de relatar o comportamento malicioso nas mãos do próprio jogador e depende dos pais saberem sobre os recursos específicos da Conta de Criança para implementar essas salvaguardas em primeiro lugar.
Enquanto Chan encoraja os jogadores a denunciar qualquer comportamento ruim, os jogadores usam regularmente insultos e discursos de ódio no jogo, embora com algumas modificações de ortografia ou pontuação, para contornar os censores. Fica o alerta para os pais, não só com Among Us, mas com qualquer jogo multiplayer que possui recursos de bate-papo.