Nos games, filmes e seriados, uma das primeiras coisas que se observa num cenário pós-apocalíptico é a envolvente retomada da natureza por cada palmo ocupado pelos humanos, que até até então, calibravam o ambiente ali com concreto, metais, plástico e demais materiais manipulados. Como nunca tivemos um apocalipse que devastasse o mundo como em The Last of Us, (embora até existam mesmo os fungos inspiradores do game), sempre temos como referência de cenário o que a ficção indica como provável.
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Contudo, algumas construções ou grandes estruturas abandonadas podem dar uma simulada ideal nessa tese de fim de mundo, confirmando que realmente não seria necessário muito tempo até que toda a organização que impomos ao nosso meio fosse contra-atacada pelo verde e seres vivos até então em desvantagem. É o caso do Carrefour localizado da Usina, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro.
Localizado na Rua Conde de Bonfim, número 1181, o local que já foi um hipermercado da rede francesa, completa nada menos que 15 anos desativado. Com cerca de 3000m², a construção de 1997 funcionou por oito anos, e de acordo com o portal Grande Tijuca, fechou em fevereiro de 2005 após constantes ocorrências de saques ao estabelecimento, que também sofria com conflitos de traficantes entre as comunidades do Borel e de Indiana. Desde então, o local segue lacrado.
Por que nada funciona ali?
O portal da região apurou que o imóvel já não pertence mais ao Carrefour, que teria vendido o espaço por 14 milhões de reais a Realesis Holding S.A, empresa que atua no ramo imobiliário. Contudo, um problema judicial com a prefeitura do Rio de Janeiro estaria impedindo a transferência de documentação, e consequentemente ocupação do local por parte da empresa.
Ainda de acordo com o Grande Tijuca, a prefeitura do Rio de Janeiro teria avaliado o local por um valor bem acima do preço de mercado, e desde então, o processo se arrastou entre as partes envolvidas até maio deste ano, quando foi concluído.
Nesse meio tempo, muitas ideias de ocupação já foram cogitadas para o local, mas devido aos problemas em questão, nada foi adiante. Em 2010, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação sugeriu a instalação de uma unidade do Minha Casa Minha Vida para 438 famílias da Favela de Indiana, mas ideia foi negada pelos próprios moradores da região, segundo o portal.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro também simulou uma investida, ao imaginar ali uma unidade do BOPE (Batalhão de Operações Especiais). Proposta negada.
No ano de 2011, uma indicação petista do deputado Gilberto Palmares aprovada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro teria sugerido a construção de um Centro de Vocação Tecnológica. Proposta aprovada, mas nunca foi adiante.
Em 2013, o atual então vereador Marcelo Queiroz (PP), encaminhou uma proposta desapropriação para a Subsecretaria Municipal de Esportes e Lazer, afim de implantar uma Vila Olímpica no espaço. Proposta encaminhada e estacionada com sucesso.
O que a comunidade acha disso atualmente
Diante de um local mal isolado, o espaço é frequentemente alvo de invasão de usuários de drogas e moradores de rua. E isso deixa os moradores da região apreensivos e indignados com a situação geral do imóvel. No intuito de mostrar a situação interna do imóvel, o morador Safe Sattam Junior entrou no local e transmitiu uma live direto do espaço para mostrar as condições espaço.
“Eu andei pelo primeiro e o segundo andar do estacionamento. Ali você vê com precisão que, por causa da chuva em alguns pontos, o teto deu estalactites, mas isso é uma questão de limpeza e manutenção. No terceiro andar, vi que alguns pedaços do telhado foram afetados. Fora isso e as coisas quebradas pela depredação, a estrutura está perfeita e dá para construir qualquer coisa ali. Inclusive, sugeri até um Hospital de Campanha“, disse Júnior.
Com a conclusão do processo, a prefeitura foi procurada pelo portal regional para saber se finalmente haveria alguma resposta para a situação do local, mas nada de concreto foi dito a respeito.
Outros locais tipo ‘The Last of Us’
Nos últimos dias, um local nas mesmas condições de abandono tem chamado a atenção dos internautas, que passaram a compartilhar a imagem atribuindo o local da foto ao Carrefour desativado. Contudo, não se trata do local da matéria, e sim do parque de diversões Nagasaki Holland Villageo, localizado na cidade japonesa de Saikai, na região de Kyūshū.
A escada rolante do local está ainda mais parecida com o que se vê no game dirigido por Neil Druckmann, com a natureza recuperando palmo a palmo o espaço perdido.
De acordo com o jornal New York Times, a Huis Ten Bosch Company, operadora do parque, declarou falência em fevereiro de 2003, após experimentar anos de prejuízos com a atração.
Outro local que une de maneira desconfortável os assuntos apocalipse e games também vem do Japão. Mais precisamente na região de Fukushima, que em 2011 sofreu com um Tsunami que acabou causando um catastrófico acidente na usina nuclear da região.
A destruição de parte da estrutura da usina fez com que vazasse material radioativo de um de seus reatores, obrigando moradores num raio de 30km a abandonarem tudo. Carros, motos, casas, empresas, praticamente tudo foi abandonado às pressas, e até hoje, esses locais seguem interditados. Um deles é um fliperama gigante que a SEGA possuía na região.
Um explorador holandês conseguiu furar o bloqueio policial e registrou várias imagens do local, que você pode conferir ao final desta reportagem. Populares em todo o Japão, os Pachinkos, ーcomo são chamadas as casas de jogos eletrônicos por láー são lugares luminosos, barulhentos e quase sempre cheios. Totalmente o contrário do que pode ser visto no vídeo da reportagem.
The Last of Us foi lançado este ano e foi considerado um dos maiores lançamentos da história da Sony